O desafio de ser mulher cristã no Oriente Médio e Norte da África
Nem todas as mulheres no Oriente Médio e Norte da África têm a mesma história. Há muitos países, culturas e grupos religiosos diferentes com suas próprias regras. Essa é uma região vasta que abrange do Marrocos ao Irã, do Iêmen ao Iraque. São 15 países onde a Portas Abertas trabalha por meio de parceiros na região.
Recentemente, Eva* e Christina*, duas colaboradoras de campo da Portas Abertas que se especializaram no trabalho com mulheres no Oriente Médio e Norte da África, contaram sobre a vida cotidiana das mulheres nessa parte do mundo, a perseguição que enfrentam e sobre como a Portas Abertas apoia as mulheres.
No Oriente Médio e Norte da África, quando uma gravidez é anunciada, muitas vezes é recebida como uma bênção alegre. O desejo geralmente é: “Que Deus lhe conceda um menino!”. Felizmente, há famílias que recebem bem tanto meninas quanto meninos. Mulheres que cresceram em tais famílias e se convertem ao cristianismo testemunharão o papel que o pai desempenhou em sua vida desde a infância, o que é importante para o entendimento de seu valor em Cristo. Mas também há, principalmente em áreas mais pobres e de maioria muçulmana, filhas criadas “por alguém da família”. Outra regra é que as filhas se casem e passem a viver na casa da família do marido. Esse pensamento afeta a criação das meninas.
A vergonha de ser menina
Muitas vezes, meninas ouvem que é vergonhoso elas não serem meninos. Alguns pais sentem que as meninas não são dignas de seu investimento. Além disso, na região, uma menina só deixa a casa dos pais usando um vestido de noiva ou em um caixão.
Em algumas partes da região – principalmente áreas rurais mais conservadoras – as meninas podem não ter o mesmo acesso à educação que os meninos. Porém, em outras partes, muitas meninas são muito mais educadas do que meninos, especialmente em grandes cidades na Península Arábica. Apesar disso, ser mulher ou cristã é um motivo para que recebam notas mais baixas.
As mulheres que cresceram após a Primavera Árabe têm uma ideia de que oportunidades existem, que é possível mudar as coisas e há alternativas para o contexto atual. Mesmo que nada mude e as esperanças não se concretizem, há um entendimento radicalmente diferente das gerações anteriores. Isso resulta em uma ânsia por mais oportunidades iguais e um reconhecimento – que leva à frustração – de como homens e mulheres, meninos e meninas são tratados de maneira diferente na sociedade.
Donas de casa
Presume-se que a maioria das mulheres muçulmanas cuidará da casa e dos filhos ao se casar. Grande parte delas não têm emprego com salário e nem permissão para sair de casa sozinha, sem um homem para acompanhá-la. Muitas vezes, estão ocupadas mantendo a casa limpa, cozinhando refeições, cuidando dos filhos e os ajudando com a lição de casa.
Apesar de variar de um lugar para o outro, o casamento forçado é um método de perseguição às mulheres em partes da região, principalmente as que se tornaram cristãs a partir do contexto muçulmano. Uma maneira rápida de a família resolver essa questão é casar a mulher com um homem muçulmano da família ou comunidade. Entretanto, para muitas jovens na geração de hoje – principalmente de contexto cristão – há mais liberdade para escolher com quem se casarão.
Outra questão sobre o assunto é que muitos rapazes deixam a região por motivos econômicos, para evitar o alistamento militar e porque é mais aceitável que rapazes tenham um nível de independência maior do que as mulheres. Isso significa que há mais mulheres solteiras com perspectivas limitadas de casamento. A região é muito dividida entre etnias, denominações, religiões e tribos, e isso também causa grande agitação dentro da igreja, no caso de um rapaz ou moça querer se casar com alguém de fora de sua etnia, denominação, religião ou comunidade tribal.
*Nomes alterados por segurança.
Fonte: Portas Abertas